domingo, 2 de setembro de 2012

O que entendemos por “apreender o fenômeno em sua totalidade”?
Bem, uma das críticas que se fazia (e ainda se faz) aos positivismo(s) em suas variadas caracterizações, (não existe apenas um Positivismo assim como não existe apenas um Marxismo, nem apenas uma Fenomenologia e etc.) era a ideia de se fragmentar o objeto de estudo, isolando certas variáveis e desprezando outras. Dessa forma se perde (ia) a dimensão “total” do fenômeno estudado (no caso o humano). Para o materialismo histórico dialético, a realidade não deve ser conhecida de forma fragmentada mais sim de forma sistêmica, holística, processual (se somos seres históricos estamos sujeitos ao tempo sendo assim sujeito ao processo) partindo sempre da realidade concreta (crítica ao idealismo). A totalidade apontada aqui caracteriza-se então como uma tentativa de apreender o fenômeno estudado, o humano, de forma global apreendendo seus multideterminantes e condicionantes sejam eles de ordem social, biológica, psicológica e etc. superando assim um estado de alienação, produzindo formulações teórico conceituais ou até leis emcertos casos mais elaboradas e precisas.
É interessante a gente pensar tb que essa(s) forma(s) de apreender a realidade (não existindo unicidade nos discursos, haverá sempre múltiplos vozes que hora se aproximam hora se distanciam) não surgem do nada. Elas provém de certas sistematizações teórico conceituais historicamente construídas e serão base para a o entendimento humano de maneira ampliada, repercutindo assim nas mais diferentes áreas do conhecimento. Pensemos então que essa forma de entender a realidade não é peculiar do Serv. Social, se fazendo presente também em outras disciplinas ciêntificas como por exemplo a economia(s), sociologia(s) , psicologia(s), antropologia(s), historia(s) e etc...
A questão colocada é de ordem filosófico-epistemológica a qual, repercute na forma como iremos produzir nossas teorias, conceitos, leis, instrumentais técnico-operativos e como utiliza-los... Em síntese, como se entende o que é a realidade e como irei intervir para transformá-la. Para a apreensão da realidade de maneira ‘mais totalizada’ (entendendo que a totalidade em ‘si’, ou o ‘esgotar’ de um objeto de estudo nunca será alcançado, em função da natureza dinâmica e histórica dos fenômenos analisados), devemos ter ciência que existem diversas variáveis de outras ordens que podem interferir no nosso objeto/sujeito de estudo, sendo elas por exemplo de ordem psicológica e biológicaas a quais, nós assistentes sociais não temos ‘na maioria dos casos’ uma formação mínima que nos prepare para identificá-las.
Quando ignoramos essa questão tendemos a incorrer em erros muitas vezes caros para com os nossos usuários e nós mesmos, caindo num reducionismo igênuo de acreditar que o objeto/sujeito de estudo se reduz a aquela “certeza” a qual temos conhecimento. Pode-se haver muito mais pra além daquilo que nossos sentidos nos apresentam . Diferentes referenciais teóricos nos darão respostas distintas a um mesmo fenômeno analisado. É preciso saber dialogar com essas diferenças paradigmáticas.

..Porque submeter-me aos limites impostos por uma dada disciplina científica não me permitírão compreender o humano em sua complexidade e profundidade constituinte...

Por que vocês  temem  tanto a pergunta?